As guardiãs de saberes estão chegando com suas rezas, danças e benzições
Publicado em 23/10/2021 - 18:22 Por Jeremias BrasileiroEm outubro de 2019 estava em uma noite de autógrafos de meu livro: Ler Imagens contar Histórias - cronivivências de uma cidade em preto e branco. O livro é um retrato parcial da existência de negros e negras que participaram e participam da história uberlandense e que não faziam parte das narrativas da cidade.
Dentre os vários personagens partícipes desta obra, ao final privilegiei a história e a memória de três ilustres senhoras que igualmente foram responsáveis pelas minhas primeiras incursões de pesquisa na interioridade da manifestação cultural e religiosa da Congada e do Congado em Uberlândia.
Durante a fala de alguns participantes do evento, aconteceu uma cobrança para que nós pudéssemos produzir um livro que contemplasse mais as mulheres consideradas como guardiãs, e não somente de três “matriarcas”, denominação utilizada pelos que fizeram uso da fala na referida noite de autógrafos.
Nesse sentido este livro surge como proposição a uma demanda social originária principalmente da comunidade afro-brasileira uberlandense. Trata-se de um recorte possível, há inúmeras guardiãs de memórias e saberes ancestrais em Uberlândia.
Com essa provocação, portanto, nossa intenção é que outros trabalhos possam surgir a partir dessa perspectiva de olhar para essas pessoas que são acervos vivos, infelizmente diluídos no decorrer das temporalidades, sem deixar registros de suas vivências, seus saberes, suas histórias.