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Dezembro Anuncia Um Natal Diferente

Publicado em 29/11/2020 - 10:15 Por Jeremias Brasileiro
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Créditos da imagem: reis-magos-lendas http://jeocaz.wordpress.com

Antes dos tempos antigos de agora em que um silêncio dos sinos de natal quase vigora, havia um inicio de dezembro que convidava as pessoas a saírem de suas casas e visitar oratórios, presépios e Papai Noel, por toda a cidade.


Também era comum as preparações natalinas com velas, luzes abajures multicores e na modernidade as lâmpadas pisca piscas com uma variedade de opções temporais sincronizadas, um espetáculo à parte a iluminar as cidades, os bairros, as ruas, as residências. Era algo que chamava atenção das crianças, dos adultos, dos vizinhos, enfim, um natal comunitário. 

As pessoas chegavam de acordo com as condições ou lugares sociais, é mais que evidente tal constatação, por isso raras seriam as surpresas de pessoas serem presenteadas fora de seus padrões de vida. Para nós o Papai Noel viria de qualquer jeito, trazendo aquilo que era de nosso mundo, a natureza de nossa vida, coisas simples que nossos pais podiam comprar. 

De uns tempos recentes, entretanto, o natal perdeu a simbologia da vida do aniversariante, dos reis magos, da luz. Ele passou a ser cada vez mais – já o era desde o início – sinônimo de presentes modernos, sofisticados, sem, contudo, remeter-se com ênfase maior na figura do homenageado. Nada de jejuns ou ceia apenas: mata-se porcos, vacas, frangos, tudo o mais que comestível for. 

Essa percepção parece pouco impactar os tempos de agora, pois, mesmo sob essa lógica do distanciamento, da pandemia, com certeza os ornamentos, as decorações, os altares, oratórios e pequenos presépios estarão permeados de imagens devocionais. Nesse contexto quão seria importante descobrir que essas questões natalinas podem ser motivo de reflexões para além das festividades. 

É que a vida dos tempos antigos também é um cenário de pensar os natais de agora, respeitando-se as temporalidades. Muitos naturalmente vão se aproveitar desse momento para com suas máscaras evitar os beijos, os abraços, mas na realidade, o mundo é cada vez mais um temporal econômico, pouco há de fé real. 

Esse dezembro que surge diferente de tantos outros, com uma perspectiva de natal solitário, é também um momento oportuno para refletir sobre que tipo de humanidade nós almejamos; serenar nossos espíritos e sermos solidários socialmente não apenas em tempos natalinos. 

A pandemia Covid 19 nesse aspecto, fará com que muitas famílias possam refletir a respeito dos cuidados que deveríamos ter para com todas as pessoas, principalmente aquelas de nossas relações mais próximas. 

Tags: dezembro, natal, covid
 Jeremias Brasileiro Jeremias Brasileiro
Crônicas e Ensaios das Gerais

Doutor em História Social pela Universidade federal de Uberlândia. É Comandante Geral da Festa da Congada da cidade de Uberlândia, no Triângulo Mineiro, desde o ano de 2005 e presidente da Irmandade do Reinado do Rosário de Rio Paranaíba, Alto Paranaíba, Minas Gerais, desde o ano de 2011. Desenvolve pesquisas sobre cultura afro-brasileira e sua diversidade nas Congadas de Minas Gerais, associando-as com o contexto educacional, em uma perspectiva epistemológica congadeira, de ancestralidade africana. Um intelectual afro-brasileiro reconhecido na obra de Eduardo de Oliveira: Quem é quem na negritude Brasileira (Ministério da Justiça, 1998), que lista biografias de 500 personalidades negras no Brasil; e na obra de Nei Lopes: Dicionário Literário afro-brasileiro (Rio de Janeiro: Editora Pallas, 2011). Detentor de um dos maiores acervos digitais sobre as Congadas de Minas Gerais, constituído desde a década de 1980, historiador com vasta experiência e produção cientifica sobre ritualidades, simbologias, coexistências culturais e religiosas em oposição ao conceito de sincretismo. Escritor, poeta, possui textos de dramaturgia, crônicas, literatura afro-brasileira.

Leia também: Sincretismo não! Coexistência cultural e religiosa, sim. Parte 1