É hoje o lançamento do novo livro de Jeremias Brasileiro: As Guardiãs de Memórias e Saberes Ancestrais
Publicado em 13/11/2021 - 08:06 Por Jeremias BrasileiroAPRESENTAÇÃO DO LIVRO POR MARIANA BRACS
Historicamente invisibilizadas, pouco reconhecidas, ou mesmo ignoradas nas análises sobre a cultura afro-brasileira, estas mulheres guardiãs são o “mourão” sobre o qual se assentam as Tradições.
É maravilhoso ter este material pesquisado e escrito por Jeremias Brasileiro, um congadeiro da mais alta honra, que participa ativamente não apenas da produção de conhecimentos sobre a cultura afro-brasileira, mas um homem que está, dia após dia, “na lida”, “na batalha”, lutando bravamente para manter as tradições das quais é herdeiro.
Jeremias Brasileiro nos presenteia com este registro das vozes em primeira pessoa, com detalhes sobre o cotidiano duro, da resistência indispensável àquelas que colocam os Congados nas ruas e traz uma análise apurada das transformações históricas vivenciadas em comunidades congadeiras. Reflete sobre passado, presente e futuro, com o compromisso de manter as raízes e os fundamentos.
Mariana Bracks Fonseca é professora de História da África e História da Cultura Afro-brasileira na Universidade Federal de Sergipe. É autora dos livros Poderosas Rainhas Africanas (Ancestre, 2021), Nzinga Mbandi e as guerras de resistência em Angola (Mazza, 2015) entre outros.
PREFÁCIO DO LIVRO POR VANILDA HONORIA SANTOS
Ao longo dos dezesseis capítulos que compõem esta magnífica obra, Jeremias Brasileiro aborda com uma magnitude conceitual e poética as memórias de guardiãs dos saberes por meio da tradição oral ou tradição viva.
Esse empenho só é possível porque ele próprio é autor e sujeito dessas memórias e histórias da qual faz parte, e ao mesmo tempo é pesquisador ciente que a objetividade exigida na produção de conhecimento científico não implica a falácia subalternizadora da neutralidade.
Ao mesmo tempo, colabora para a salvaguarda desse patrimônio que frequentemente está sujeito ao esquecimento e ao apagamento das memórias ancestrais, sobretudo aquelas oriundas de África que se transformaram na experiência brasileira da diáspora forçada.
Trata-se, portanto, da realização dos direitos à memória e à história, que são de igual modo direito à existência, materializados nos direitos culturais dos povos e comunidade tradicionais e das mestras e guardiãs. E, sem dúvida, uma nação democrática deve primar pela justa efetivação de tais direitos, pois de outro modo, não é uma nação.
Vanilda Honoria dos Santos. Mestra em Filosofia e Doutoranda em Teoria e História do Direito na Universidade Federal de Santa Catarina.