Entre lives, home-office e vizinhos
Publicado em 08/05/2021 - 12:24 Por Jeremias BrasileiroJunto com a aceleração do tempo que vivemos, a temporada de LIVES e a chegada em definitivo do HOME-OFFICE alteraram significativamente as nossas vidas. O surgimento infeliz da pandemia, simplesmente oportunizou o adiantamento dessas novas realidades já previstas, não tanto para agora, mas para um futuro bem próximo. Pegos de surpresa, tivemos e ainda temos de nos adaptar a esse novo estranho mundo para o qual não estávamos psicologicamente preparados, tecnicamente estruturados, e, sequer socialmente capazes de dialogar com os nossos vizinhos, até então.
Nossos comportamentos cotidianos na interioridade dos lares foram sensivelmente alterados, e, em muitos casos, modificamos também a vida de nossos vizinhos, quer seja em residências ou apartamentos. Claro, evidentemente, que nem todos aceitaram ou aceitam nossas proposições, razão pela qual, em muitos casos, tivemos que nos adaptar à vida da vizinhança, deixando a nossa em segundo plano, para podermos realizar trabalhos que exigiam e exigem certo silêncio, certo sossego para concentração.
Foi assim que muita gente começou a apurar os próprios sentidos, a silenciar-se para ouvir os horários que o cachorro do vizinho late mais, o momento que as crianças brincam, gritam e correm no corredor ao lado das nossas janelas ou acima de nossos apartamentos, além do dia de sábado ou domingo do churrasco, pois, uma das grandes perversidades das LIVES e HOME-OFFICE é que dentro de nossas casas, o trabalho parece ser permanente.
Nessa realidade incomum para muita gente, descobrir a existência do vizinho e o vizinho descobrir que existimos, tem sido talvez uma das maiores transformações sociais recentes: tivemos que nos adaptar, tivemos que ouvir, tivemos que conversar, tivemos que conhecer o dia a dia de quem mora ao nosso lado. Mesmo que silenciosamente incomodados às vezes, tivemos de fazer nossas agendas de acordo com a rotina diária e até noturna de nossos vizinhos.
Estamos felizes com tudo isso? Provavelmente não! LIVES são desgastantes, HOME-OFFICE em casa sem estrutura tecnológica é uma aventura, somos uma cultura do abraço, do aconchego, mesmo nas relações trabalhistas, socializamos por vezes nossos sorrisos, nossas angustias. Um tempo novo surgiu, e, o pós-pandemia vai dizer se isso vai nos seduzir ou nos eliminar enquanto seres humanos dos abraços, dos afetos, das sensibilidades.