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Loveandpizza.it - Um romance em Napoli (Parte 8)

Publicado em 04/06/2021 - 13:23 Por Daniela Pesconi-Arthur
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Créditos da imagem: Foto de arquivo pessoal

Oi, gente linda!!! Hoje tem mais um capítulo de Loveandpizza.it. No capítulo de hoje a Carolina vai decidir se ela se rende ou não aos encantos do Luca, seu aluno e herdeiro do Grupo Alighieri. O que será que ela vai decidir? E o que será que o Luca vai achar dessa decisão? Só lendo pra saber!

Pra quem tá chegando por aqui agora, pode voltar um pouquinho e ler as primeiras partes:

Apresentação e Parte 1

Parte 2

Parte 3

Parte 4

Parte 5

Parte 6

Parte 7


~ Prós e Contras ~


Estava empolgada com todo esse flerte, Lisa ainda mais, mas tinha decidido recusar o convite do Luca. Não me sentia pronta como Lisa pensava. Jean ainda estava na minha cabeça e em meu coração. Ok, ele estava em um canto do meu coração que parecia mais uma câmara de tortura, onde era espancado repetidamente, mas ele ainda habitava meus pensamentos. Eu não estava pronta para nada sério. Obviamente, eu sabia que Luca era paquerador em série e que era um crianção, o que poderia ser perigoso. E se ele também partisse meu coração?

‘Carolina? Por que você está tão quieta? Sobre o que você está pensando ou devo perguntar, em quem?’, provocou Lisa.

‘Ai, Lisa, como se você não soubesse...’

‘Mas o que há de errado? Pensei que tivesse decidido tentar. Lembra, quando conversamos no trem?’

‘Ei, não decidi nada. Eu ainda não, ahhh... eu não sei, Lisa. Estou tão confusa. Ele é tão lindo de morrer e não para de flertar comigo. Eu já tinha decidido que não sairia com ele...’

‘O quê?? Ah qual é, Carolina? Você está falando sério?! Nem mesmo para um encontro?’

‘Não, acho melhor não. Ele é meu aluno, Lisa. E se a Gwen descobrir? E se o chefe dele descobrir?’

‘Carolina, ele é o chefe.’

‘Na verdade, ele é o filho do chefe.’

‘Aaahh... o chefe, o filho do chefe... Que diferença isso faz? Ou você acha que um patriarca italiano milionário demitiria seu próprio filho por sair com uma linda e autêntica bisneta italiana?’

‘Linda e autêntica bisneta italiana? Lisa, você é louca.’

‘Ei, tenho uma ideia’, disse ela.

‘Ah não! Outra, como essa que você teve, de vir para cá para ensinar inglês?’

Ela não caiu nessa. Essa é uma das coisas que adoro nela. O talento de não levar as coisas tão a sério quando não são.

‘Ah, obrigada! Esse foi realmente um ótimo plano. E esse aqui é tão bom quanto.’

Ela pulou do sofá e voltou com papel e caneta.

‘Pronto. Vamos fazer uma lista de prós e contras.’

‘O quê? Você deve estar brincando.’

‘Na verdade, não. Uma lista fará você raciocinar logicamente e perceber o quanto seria estúpida se dissesse não ao Luca. Senta aqui e vem me ajudar.’

Eu me sentei no outro canto do sofá.

Ela dividiu a folha em duas colunas e escreveu em cima de cada lado: 



Imagem criada por Daniela Pesconi-Arthur



‘Ok’, começou Lisa. ‘Prós? Ah, sem dúvida, deus grego lindo de morrer.’

‘Não posso discutir com isso’, murmurei.

‘O que você disse?’

‘Nada. Nada. E aí, o que vem a seguir na sua lista totalmente inútil?’

‘Carolina, essa lista é para você, não para mim. É você que deveria fazer isso.’

‘Acho essa lista uma idiotice e ela só mostra como uma pessoa pode ser superficial. Você que quis fazer isso. Você que pense em alguma coisa.’

‘Tá bom. Serei a sua santa casamenteira’, ela sorriu. ‘Deus grego lindo de morrer; herdeiro multimilionário...’

‘Lisa!’, contestei, ‘por favor, isso não me importa.’

‘Mas é um fato, não é? Então, entra na nossa lista.’ E continuou. ‘Tem uma casa em Capri. Gostaria de saber se é uma vila enorme, com piscina e vista panorâmica para o mar. Ele tem um barco?’

‘Lisa, por favor, pare. Isso está é ridículo. Claro que ele deve ter um barco. Eles são donos de uma empresa de cruzeiros! Na verdade, a família dele deve ter um iate enorme, que eles navegam todo verão no Mediterrâneo’, debochei.

A cara que ela fez, foi demais.

‘Um iate? Ah, sério?! Meu Deus! Isso tem que entrar na nossa lista. Ok, acho que já temos pontos positivos o bastante.’

‘Sim, o suficiente para uma lista de interesseiras, você quer dizer’, falei, folheando uma revista.

‘Ok. Agora os contras.’ Lisa se sentou mais perto de mim.

‘Ótimo. Essa parte eu posso fazer. Comece com: eu não quero.’

Ela começou a escrever e parou no meio da frase.

‘Não entendi.’

‘Próxima, ele é jovem demais para levar qualquer coisa a sério, e ele demonstra isso o tempo todo’, continuei.

‘Affff! Pare de ser tão estraga-prazer!’

‘Que tal: ele pode partir totalmente meu coração?’

‘Mas, Carolina, você está sendo muito pessimista. Você não disse, quando saímos do Brasil, para sermos mais aventureiras?’, ela tentou argumentar comigo.

‘Sim, falei. Mas a única coisa que eu não disse, Lisa, foi que tentaria partir meu coração novamente. Isso não é ser mais aventureira, isso é ser idiota.’

‘Mas pelo menos tente. Você pode se divertir e conhecer a vida da alta sociedade napolitana e ficar com um cara lindo que te tratará como uma princesa.’

‘Lisa, chega. Não quero mais falar sobre isso, ok?’

‘Ok, ok. Puxa, você consegue ser tão sem graça às vezes. Essa lista foi realmente uma perda de tempo.’ Ela fez uma bola com o papel, a jogou na mesinha de centro e saiu.

A lista rolou na mesa e caiu no chão, então eu a peguei, abri e li o papel amassado várias vezes. Considerei mudar de ideia, mas não. Já tinha me decidido.



 ~ Borboletas ~


Mais uma semana se passou e evitei o Luca como se ele fosse uma praga. Tentei ficar entretida com outro aluno depois da aula – o que não funcionou muito, pois ele parecia ter todo o tempo do mundo para esperar. Afinal, ele era o filho do chefe, né? Tentei terminar a aula cinco minutos antes, dizendo que tinha uma reunião na escola (rezei para que a Gwen não descobrisse). Nada parecia funcionar. Ele estava sempre por perto. Sorrindo, sentado ao meu lado, jogando beijos ao ir embora. Eu também sempre me assegurava de só entrar na sala quando já tivesse pelo menos outro aluno lá dentro. O pior, é que comecei a gostar deste joguinho. Mal podia esperar para ver o que ele iria fazer para chamar minha atenção da próxima vez. Como falei para a Lisa: um crianção.

Na semana seguinte, na quinta-feira, tentei encontrar outra maneira de ficar na sala de aula, como já era de costume, fingindo que estava corrigindo tarefas e preparando aulas. Quando não o vi mais por perto, achei que estava segura e fui embora. Lisa já tinha ido, e eu estava conversando com Emma, outra professora, na saída. O carro de Emma estava estacionado em uma rua lateral, então nos despedimos, ela entrou e foi embora. Atravessei a rua, passei o café e lá estava ele, conversando com o barista e olhando em minha direção. Droga, Luca. Você estava esperando o tempo todo... Eu não tinha onde me esconder, nenhuma desculpa para dar.

Quando me viu, ele deu um sorrisinho maroto.

Ah não! Não. Não. Não. Por favor, eu imploro. Não.

Ciao maestra!’

Ele pulou do banquinho do bar e caminhou em minha direção.

Cara, ele é lindo. Carolina, se lembre da sua lista de contras. Foco. Aiiii... ele tem lábios tão lindos que não param de falar por um segundo. Eu gostaria de silenciá-los com meus lábios. Argh.

‘Mal te vi a semana toda’, disse ele. ‘Você está me evitando?’

‘Evitando você? Não, por quê?’, respondi, fingindo um ar de surpresa.

‘Ei, só estou brincando. Tranquila.’, ele riu e colocou uma mecha de cabelo atrás das minhas orelhas.

O toque. O toque dele. Não. Por favor, não. Não quero me machucar novamente.

‘Ah ok.’

O quê? ‘Ah ok’? Que diabos, Carolina?

‘Professora?’, ele me olhou.

‘Ah! Desculpa, Luca. O que você estava falando?’

‘Eu não estava falando nada. Mas, gostaria de te convidar para um café. Você topa?’

‘Eh...’ ri por dentro, enquanto ele tentava me impressionar com o seu inglês. Era irresistível... Vai lá, Carolina, sua boba. Tomar um café em um local público não é o mesmo de ir para cama como ele.

‘Ok, Luca. Você ganhou. Você conhece um lugar legal aqui perto?’

Ele sorriu.

‘Eba! Mas acho que não devemos ir a lugar aqui perto. Conheço um café que fica a cerca de dez minutos daqui. Pode ser? Você tem tempo?’

‘Acho que sim. Só começo às duas da tarde nas quintas-feiras. Vamos então? Você precisa voltar ao trabalho, não é?’

Ele sorriu de novo. Aqueles lábios...

‘Não necessariamente! Vou ligar para minha secretária, vou falar para ela cancelar os meus compromissos dessa manhã e para avisar o meu pai que voltei para casa porque estou com dor de cabeça. Ninguém vai desconfiar. Não se preocupe, professora.’

Ninguém vai desconfiar? O que isso quer dizer? Ai, ai, ai, Carolina… No que você está se metendo?

Fomos até o Scaturchio, um café bem bacana que fica na Piazza San Domenico Maggiore. Lá tem várias mesas do lado de fora, em um dia quente deve ser uma delícia se sentar ali para tomar um cappuccino. Mas, naquela manhã estava friozinho e parecia que ia chover, então Luca pediu ao garçom uma mesa no andar de cima. E lá estava eu pensando que estávamos indo para um lugar público...

Entramos em uma sala muito aconchegante, e vazia. O rádio estava ligado, me sentei em um canto, olhando o cardápio, enquanto Luca conversava com o garçom. Quando voltou, ele se sentou ao meu lado. Muito perto. Fui um pouco mais para o lado, mas se me movesse mais um centímetro, teria que me transformar em um fantasma e atravessar a parede. Em retrospectiva, isso não teria sido uma má ideia.

Ele estava tão perto que eu podia sentir o cheiro do seu perfume e, para ser honesta, se alguém nos visse, nunca pensaria que éramos professora e aluno se encontrando às escondidas no meio do dia. 

Bem, tecnicamente não estamos nos encontrando em segredo. E tecnicamente, não estamos fazendo nada de errado, certo?

Ainda não tínhamos dito uma palavra sobre nada. Café? Ah, nós estávamos lá para tomar um café. Isso foi até começar a tocar a música “Last Request” de Paolo Nutini. Luca chegou ainda mais perto (Como isso pode ser possível? Eu preciso de espaço. Eu preciso respirar.) e cantou no meu ouvido, seus lábios macios roçando meu pescoço, como um beijo gentil:

‘I just want you closer... is that all right...’ 

Senti um frio na barriga, borboletas por toda parte... Ah, não. Isso é bom demais. Eu não posso. Eu não posso. Controle-se, Carolina!

‘O que você quer, Luca? O que você está fazendo?’, perguntei, a minha voz praticamente um sussurro.

‘Não consigo parar de pensar em você, teacher Carolina’, ele me respondeu com a voz mais sexy do mundo, com ênfase no “professora Carolina”. ‘E também não consigo parar de pensar em te beijar’, falou enquanto se aproximava do meu rosto e me beijou. 

O beijei de volta. Por cerca de cinco segundos não pensei em absolutamente nada.

‘Luca, você está maluco!’, o empurrei. ‘Por favor, nunca mais faça isso! Isso está errado. Completamente errado.’

‘Sim, mas mesmo assim você veio aqui comigo hoje’, respondeu me desafiando.

‘Sim, eu vim. Mas estou indo embora agora.’ Enquanto me levantava, falei: ‘Isso nunca aconteceu, você está me ouvindo? Nunca!’

E fui embora. Mas não consegui parar de pensar naquele beijo. 


(*****)

Oiê pessoal, estou de volta com a minha segunda coluna aqui no Portal MegaMinas trazendo pra vocês, no formato "série", o meu romance Loveandpizza.it. Ele foi originalmente escrito e publicado em inglês, mas aqui no Portal eu apresento com a tradução de curadoria de Farah Serra. Espero que vocês gostem. E pra você não perder nadinha dessa aventura pela bella città, você pode se cadastrar pra receber um email toda semana quando mais um capítulo for publicado. Além disso, quando você se cadastrar, ganha de presente três marcadores de livros com fotos e frases sobre Nápoles pra imprimir, usar, guardar ou dar de presente. Se cadastre rapidinho AQUI.



Beijão e inté a semana que vem!


Dani

Vamos nos conectar?

No Instagram: @danielapesconiarthur

No Facebook: @danielapesconi

Website: A casa na Praia


Tags: romance em série, Nápoles, Italia, romance contemporâneo
 Daniela Pesconi-Arthur Daniela Pesconi-Arthur
Devaneios Mineiros Na Terra Da Rainha

Daniela Pesconi-Arthur é mineira de Uberlândia e formada em Letras - Inglês pela UFU, com mestrado em Literatura Inglesa e Escrita Criativa pela Cardiff Metropolitan University. Apaixonada por educação e pela língua, por mais de 20 anos, foi professora de inglês no Brasil, na Itália e no Reino Unido. Enquanto membro da Lapidus International, criou a série de workshops online e presenciais “Write Yourself” (“Escreva-se”) e em 2016 publicou o seu primeiro livro Loveandpizza.it. Atualmente cura o seu site ‘A Casa na Praia’, onde não só fala da sua vida de expatriada no País de Gales (UK), como dá dicas sobre escrita, criação de blogs, além de orientações e mentorias de negócios para brasileiras expatriadas que querem se tornar empreendedoras. Daniela está finalizando um curso de Hipnoterapia Transformacional Rápida (RTT), com a qual pretende ajudar ainda mais pessoas a transformarem suas vidas.

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