Aumento de casos de pedras na vesícula no Brasil reforça a importância da cirurgia de remoção
Publicado em 23/09/2024 - 09:07 Por Cristiane GuimarãesEstudo aponta que mais de 20 milhões de brasileiros são afetados por cálculos biliares, com a videolaparoscopia ganhando destaque nas opções de tratamento
A colecistectomia, cirurgia de remoção da vesícula biliar, é uma das intervenções mais comuns no Brasil, especialmente devido à alta prevalência de patologias benignas do órgão. De acordo com um estudo publicado na revista Educação em Saúde, a prevalência de colelitíase (pedras na vesícula) no Brasil aumentou 24% entre 2008 e 2017, afetando cerca de 20 milhões de pessoas. Além disso, a taxa de mortalidade por colecistite aguda, uma inflamação grave da vesícula biliar, aumentou 18% no mesmo período, evidenciando a necessidade de diagnóstico e tratamento precoces.
A vesícula biliar, localizada abaixo do fígado, armazena bile – substância essencial para a digestão. No entanto, condições como colelitíase (pedras na vesícula) e colecistite (inflamação da vesícula) podem comprometer o órgão, levando à necessidade de remoção cirúrgica. Segundo o Dr. Bruno Ferola, cirurgião do Hospital Mater Dei Santa Clara, a principal indicação para a retirada da vesícula é a presença de cálculos biliares. “Esses cálculos podem causar dor intensa, inflamação e infecções. Outras indicações menos comuns incluem pólipos e tumores na vesícula”, explica o cirurgião.
Técnicas cirúrgicas e avanços tecnológicos
Atualmente, a técnica mais utilizada para a colecistectomia é a videolaparoscopia, que oferece inúmeros benefícios. “A videolaparoscopia é segura, de rápida recuperação e amplamente acessível. É a técnica que mais utilizo, realizando cerca de 10 a 15 cirurgias por semana”, ressalta Dr. Ferola. Ele também destaca que, em casos específicos, a cirurgia pode ser realizada via aberta ou com auxílio de uma plataforma robótica.
Em comparação à cirurgia aberta, a laparoscopia apresenta vantagens significativas: recuperação mais rápida, menor dor pós-operatória e menores riscos de infecção e sangramento. Isso torna o procedimento mais eficaz e confortável para os pacientes. A laparoscopia tem se destacado por apresentar uma taxa de mortalidade de 0,13%, em comparação aos 0,53% da via convencional.
Sintomas e diagnóstico
Os principais sintomas que levam os pacientes a procurarem tratamento incluem dor intensa no abdômen superior direito, náuseas, vômitos e indigestão frequente. Cálculos biliares podem obstruir os ductos que transportam a bile, resultando em complicações graves, como infecção e pancreatite. Por isso, é essencial que os pacientes com esses sintomas procurem um médico para avaliação.
Riscos e benefícios da cirurgia
Embora a colecistectomia seja um procedimento comum e seguro, como toda cirurgia, ela apresenta alguns riscos, como infecções, hemorragias e lesões nos ductos biliares. No entanto, os benefícios superam os riscos em casos de pacientes com sintomas recorrentes ou complicações relacionadas à vesícula. Após a retirada do órgão, a maioria dos pacientes retorna às atividades normais em poucas semanas, com melhorias significativas na qualidade de vida.
Prevenção e cuidados
Prevenir problemas na vesícula biliar é possível por meio de hábitos saudáveis. Dr. Bruno Ferola recomenda “manter um peso adequado, ter uma dieta equilibrada, fazer exercícios regulares e evitar longos períodos de jejum, fatores que ajudam a prevenir o surgimento de cálculos biliares”.