Colunistas
Breve análise da "Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor", do mês de abril/2023, realizada pela CNC - Sesc /Senac
Publicado em 07/05/2023 - 23:37 Por Fernando Agra
A CNC divulgou a mais recente pesquisa sobre a evolução do endividamento e da inadimplência das famílias.
No sábado, 06 de maio, participei de uma entrevista ao vivo na Edição das 18 h, na Globo e preparei a seguinte análise.
Apesar de ter se mantido estável em relação a março, 78,3% das famílias brasileiras possuem algumas dívidas no mês de abril (cartões de crédito representam 86,8% do total). Essa é uma situação muito delicada, pois é um percentual muito alto de endividados e caso aconteça algum imprevisto com a família ao longo do mês e ela não ter nenhuma reserva financeira, ela vai se tornar inadimplente. E se tornar inadimplente num país como o Brasil, que possui umas das mais altas taxas de juros do mundo, é muito complicado. Especificamente, a taxa média de cobrança do rotativo do cartão de 14,53% ao mês, o que representa aproximadamente 409% ao ano. E no parcelado, a taxa média é de 9% ao mês, o que equivale a 181,27% ao ano, ou seja, taxas de juros elevadíssimas.
A inadimplência teve uma leve queda, passando de 29,44% para 28,6% de março para abril. As classes mais pobres contribuíram para essa diminuição da inadimplência com os recebimentos dos pagamentos dos programas assistencialistas e até por conta da redução da inflação (o IPCA de março e o IPCA-15 de abril apresentaram quedas e ficaram abaixo dos 5% ao ano, algo que não acontecia desde fevereiro de 2021).
Outro dado preocupante é o aumento no número de famílias que declararam que não têm condições de pagar as dívidas, que passou de 11,5% em março para 11,6% em abril/23. É bem sabido que fatores externos contribuem para isso (pandemia que agravou a situação do desemprego e muito voltaram ao mercado de trabalho ganhando menos, a inflação, os juros e tributos altos etc.), mas há fatores internos que também explicam essa situação com a falta de organização mínima na questão das finanças pessoais e o a falta de controle dos impulsos consumistas. Isso mostra a necessidade de mais programas de educação financeira para a população.
E o que o leitor (internauta) deve fazer:
Aqueles que estão endividados, mas não estão inadimplentes, devem pagar suas contas integralmente e na data do vencimento, de modo a evitar juros e multas desnecessárias;
E os que estão inadimplentes devem procurar uma ajudar dos órgãos de defesa do consumidor para fazer uma renegociação~]ao com os credores. Devem fazer um mapeamento das dívidas: saber a quem deve, o quanto deve, quantas parcelas estão em atraso e quais as taxas de juros efetivas de cada dívida. Deve analisar o orçamento doméstico, conversar com todos da mesma casa e procurar economizar ao máximo. Buscar até troca de dívidas por outras que cobram juros mais baratos e se tiver algum patrimônio, a possibilidade é até de se desfazer e quitar as dívidas. E durante todo esse processo de reeducação financeira, evitar contrair novas dívidas e consumir o extremamente necessário.
Desses 78,3% do endividados, 17,3% estão “muito endividados” e o risco de se tornarem inadimplentes aumenta muito.
Taxa de juros média das dívidas passou de 49,6% ao ano em março de 2022 para 58,3% ao ano em março deste ano de 2023.
Dos inadimplentes:
24,4% têm dívidas em atraso de até 30 dias;
29,5% têm dívidas em atraso que vão de 31 até 90 dias;
45,2% têm dívidas em atraso de superiores a 90 dias.
;
;