Construindo seu orçamento doméstico (parte 2)
Publicado em 28/04/2021 - 01:05 Por Fernando Agra
Caro leitor (internauta), no artigo imediatamente anterior começamos a construir o nosso orçamento doméstico. No texto de hoje daremos continuidade e como de costume, faço uma indagação inicial: com base nas minhas orientações, você já começou a construir o seu orçamento doméstico?
Se a resposta for positiva, que ótimo! Se ainda não começou, aproveite a oportunidade e quando terminar de ler esse texto, comece! Confesso que às vezes sou tomado por uma preguiça para iniciar algo novo e costumo procrastinar. Percebo que além da preguiça há outras questões, até mesmo inconscientes, que me fazem adiar um novo projeto, como medo de assumir novas responsabilidades, receio de encarar responsabilidades etc. Mas quando sento (literalmente), começo a planejar e a anotar sobre os projetos, os mesmos começam a ser materializados e eu sigo em frente, colocando-os em prática. Se você, assim como eu, também padece das questões supracitadas, fique tranquilo! Acontece com muita gente. O importante é sermos mais fortes do que as aparentes adversidades e “mãos à obra”.
Superada essa fase inicial, uma coisa que percebo em quem costuma procrastinar o controle das finanças pessoais é o medo de encarar a realidade e ter que sair da zona de conforto para assumir as rédeas do seu dinheiro. Se você mora sozinho, fica mais fácil começar a se organizar. No fundo, é você com você mesmo. Se você mora com mais pessoas numa residência, é preciso o envolvimento de todos. Pois de nada adianta se o esposo é organizado e a esposa é consumista (ou vice-versa); bem como os pais serem organizados e os filhos serem descontrolados na relação com o dinheiro etc. Muitas vezes, por diversos motivos (como para compensar alguma ausência), os pais não saber dizer “não” e acabam satisfazendo todos os caprichos aos filhos. Pensam que estão fazendo o bem, mas na verdade estão deseducando os filhos e dilapidando as finanças da família. Há situações em que filhos e netos, literalmente, exploram pais e avós que acabam contraindo dívidas com desconto direto no pagamento da aposentadoria (consignadas) e quando chega o dia do pagamento, a aposentadoria líquida vem tão descontada que sequer dá para as despesas do mês. Situações assim comprometem a qualidade de vida do aposentado ou fazem com que eles contraiam mais dívidas ainda. Eu não tenho dúvidas de que as preocupações com as finanças contribuem para o adoecimento das pessoas. É preciso uma comunhão dentro de casa no que diz respeito às finanças pessoais.
Confesso que ainda existem casais que não sabem o quanto o cônjuge ganha, não conversam sobre dinheiro entre si e nem com os filhos e, às vezes tomam decisões inconsequentes que acabam afetando a vida de todos os membros da casa. Essas decisões irresponsáveis são as chamadas “traições financeiras”. Não se assuste com termo, que não está relacionado (necessariamente) à infidelidade conjugal. As “traições financeiras” que mais ouço após as minhas palestras estão relacionadas a vultosos endividamentos contraídos por um dos membros da casa, e os demais somente ficam sabendo quando os agiotas e demais instituições financeiras começam a cobrar de maneira mais incisiva. Endividamentos que arruínam as finanças de todos da casa por um longo período de tempo, cujos ajustes são dolorosos e requer sacrifícios para serem superados. O bom é evitar que isso aconteça, como diz o velho e sábio ditado: “É melhor prevenir, do que remediar”. E a prevenção se dá com organização de todos de uma mesma residência. Entretanto, para aqueles que precisarem remediar, nada de desespero! O importante é reconhecer os erros e buscar ajuda de especialistas e até de órgãos de defesa do consumidor que prestam esse tipo de orientação para quem está superendividado.
Então, por tudo que temos apresentado, a construção de um orçamento doméstico passa por questões matemáticas, que apresentei na parte 1 deste artigo (publicada em 21 de abril de 2021, nesta mesma coluna) e por questões comportamentais, relacionadas ao envolvimento de todos em busca do bem comum, que é o sucesso na administração das finanças da família. Tudo isso que possibilite a construção de um patrimônio financeiro ao longo da vida, de modo que desejos e necessidades sejam atendidas e reservas de emergência e oportunidades sejam construídas, bem como investimentos para o longo prazo (estudos dos filhos, complemento de aposentadoria etc.) também sejam possibilitados e a família possa ter uma tranquilidade financeira e colher os benefícios que uma boa educação financeira possibilita. Abraços e até o próximo artigo. Acompanhe o meu trabalho de educação financeira no Instagram @prof.fernandoagra