Quando mulheres passaram a ter medo de serem mulheres?
Publicado em 13/07/2022 - 14:52 Por Vanessa CarlosEu estou estarrecida!
Ando com medo de ser mulher!
Nunca em quase 40 anos eu tive este sentimento: medo de ser mulher.
Não é exagero, não é uma generalização, é um compartilhamento de sentimentos a partir da vulnerabilidade que mulheres convivem. Segundo o mapa da violência, Minas Gerais foi o estado com o maior número de feminicídios em 2021.
Começamos a semana com a notícia do inacreditável estupro cometido por um médico durante uma cesariana. De tão inacreditável, as equipes do hospital tiveram que filmar, provavelmente se alguém, contasse, dificilmente acreditaria. Hoje (13/07) no MG1, noticiamos dois casos de feminicídio, uma vítima em Araguari e outra em Uberlândia. Casos em que companheiros agridem e o extremo é a morte de mulheres.
Logo após o jornal começamos a discutir coletivamente o que nós, como imprensa, podemos fazer para ajudar, conscientizar e informar a população para que os crimes não se repitam com outras vítimas. Vamos mostrar as redes de proteção, a falta de estrutura de atendimento, a necessidade da denúncia, a legislação, o depoimento de vítimas de agressão. Não é suficiente! Não é, temos que fazer mais!
Saindo da emissora, as dúvidas reverberam na minha mente:
- O que faz um homem matar uma mulher por ciúme ou por não aceitar o fim de um relacionamento?
- Que insegurança é essa?
- Que sentimento de posse é esse?
Quem comete um crime, é um criminoso! Que caminho ele percorreu psicologicamente para chegar a este ponto.
Temos que falar a respeito! É da nossa conta!
Admiro grupos de homens que se reúnem com o objetivo de discutir temas específicos. Não estou falando do futebol, do encontro do videogame e nem da sauna da semana. Estou falando de grupos estruturados que se reúnem com o propósito de discutir assuntos. Fica aqui o pedido, coloquem o tema em pauta. Há agressores silenciosos.
Isso é quase nada. Tudo é quase nada. Quase nada é um passo que também precisa ser dado.
O que podemos fazer como cidadãos? O que mais?
Não pode ser nada.
* Este artigo é uma tentativa de fazer algo, de manter o tema em pauta de discussão. No passado eu tinha a ingênua impressão que mulheres não deixavam suas casas após sofrerem ameaças por medo que elas se concretizassem e por dependência financeira. Esses dois motivos são reais. Mas nesta pauta de discussão há mais elementos que precisam ser considerados. Mas que fique claro: nada justifica um crime.
* A foto deste artigo, cedida pela Polícia Militar, é a faca usada na morte de uma das vítimas.
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