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Mais leveza, menos cobrança! Mas o que isso tem a ver com estilo?!
Publicado em 31/05/2021 - 21:46 Por Letícia BragaEu comecei esse texto pelo título e fiquei limitada a ele por vários dias sem saber muito bem como desenvolver o raciocínio. Tive uma semana atribulada e me senti cobrada, como tantas vezes. E aí me dei conta de que adquiri o costume recente de encontrar nas roupas que visto uma forma de me relacionar melhor com momentos assim. A reflexão me levou longe e senti vontade de dividir com mais pessoas.
Então, abri uma caixinha de perguntas no Instagram e pedi ajuda: "Mais leveza, menos cobrança! Mas o que isso tem a ver com estilo?". Recebi respostas incríveis e decidi refletir mais sobre algumas delas por aqui. Vamos juntas?
"Moda é um estado de espírito"
Essa foi a primeira resposta que recebi. Tão assertiva e tão labiríntica. Compreendi que existe algo muito sensível e pouco explorado quando falamos do vestir. E, se moda é um estado de espírito, ela tem a ver com temperamento, feição, humor, momento... e é tão pessoal, não podemos ignorar isso.
Falar sobre vestir é também falar sobre afeto, sobre emoções e sobre a imagem que temos de nós perante o mundo. E a dificuldade está justamente aí, nesse instante em que pensar na moda somente enquanto consumo parece não ser suficiente.
"Moda, no termo corriqueiro, carrega uma conotação de cobrança"
E eu me perguntei: por que as roupas parecem capazes de definir tão bem nossa personalidade e, ao mesmo tempo, refletem um tanto de imposições e limitações?!
Hoje a gente fala mais abertamente sobre ser coerente com nosso estilo, é verdade. De compreender e adaptar nosso vestir ao que realmente somos, a ter mais empatia ao se olhar no espelho, usar certas roupas sem receio de julgamentos, etc. MAS, uma coisa é verdade: a moda carrega, sim [e muito], uma conotação de cobrança.
Um mercado que se vale de padrões para vender expectativas. Para nós, mulheres, tudo isso é ainda mais nocivo e frenético. Cobrança no corpo, cobrança na pele, cobrança na classe social. Nesse sentido, encarar o ato de se vestir como ferramenta de autoconhecimento e amor próprio é tão desafiador quanto necessário.
"Ser leve nos faz cobrar menos. Naturalmente nos vestimos com a nossa personalidade"
Engraçado como foi justamente durante a pandemia, no isolamento, e nos momentos de angústia e incerteza, que meu estado emocional mais se aproximou do meu estilo. Quase como uma muleta, busquei no conforto, nos tecidos leves e na beleza da mistura das cores um estímulo para não deixar a peteca cair. Me permiti uma mudança interna e, diante do espelho, me observei amadurecer um pouco mais através das roupas.
E, desse processo, pude entender que a leveza, assim como tantos sentimentos possíveis, não está na roupa em si, mas sim na forma como reconhecemos nossos anseios e lutamos por eles através da imagem que construímos de nós mesmos. Roupas são parte desse processo.
"Me permitir não ser uma coisa só (no estilo e na vida)"
O que acontece é que, muitas vezes, parece mais fácil ignorar essas relações, e aí vamos cedendo aos padrões, sucumbindo às tendências e abrindo mão da nossa personalidade. Difícil é encontrar o equilíbrio entre "ter e ser", "ter que ter" e "ter para ser"...
Mais coerente parece mesmo "ser para ser". Afinal, se moda é estado de espírito, se é afeto, se é instinto, é também escolha. Uma escolha pessoal, eu diria. E desde de que me permiti ser eu mesma, venho me descobrindo muitas, e pra todas elas uma dose a mais de leveza, e uma a menos de cobrança.
Escolher se permitir, no estilo e na vida, é um caminho sem volta.
Obrigada a todos que me ajudaram na construção desse texto.
Até a próxima, manas =)
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