À esquerda, a jornalista Renata Monti

Em um 2020 tão improvável, nossas relações com os meios digitais se aprofundaram. E a comida foi um dos temas que certamente uniu a humanidade em meses de quarentena. Compartilhamos nossas receitas de família, postamos os nossos desafios na cozinha e nos confortamos com sabores diversos, para aplacar o amargor dessa fase. Como uma vez me disse o premiado chef Alex Atala, “a comida é a maior rede social do mundo”. E neste ano tão desafiador, reforçamos nossas conexões através do alimento com a ajuda das plataformas digitais de comunicação.

Estou honrada com o convite do Mega Minas para trazer minhas experiências gastronômicas do Viagem Gourmet, blog independente que escrevo desde 2015. Antes de botar a mão na massa, gostaria de contar um pouquinho sobre o caminho que me trouxe até aqui. Sou mineira de Juiz de Fora e todas as reuniões de família giram em torno da cozinha. Mesmo que a sala esteja linda e decorada, é na cozinha onde a maior parte da família se concentra para conversar e roubar uma lasquinha do prato do dia. 

Na casa da minha avó Dinorah, os almoços de domingo sempre foram cultuados como um evento, com direito a frango com quiabo, pernil assado com batatas, maionese caseira, salpicão e tantas outras delícias mineiras. Logo depois do almoço, vem a mesa de café. Broa de milho,  doce de figo, biscoitinhos assados, arroz doce e queijo. A fome parece nunca ter fim.

Em entrevista com o chef paulistano Alex Atala. Foto: Adriana Lorete

Resgato essas memórias familiares porque acredito que comer é mais do que se “fartar”. É um hábito ancestral, cultural, social, econômico, político, que nos conecta com humanos e animais. Desde o primeiro dia de vida, cultuamos esse prazer. Comer é vital.

E minha relação com a comida foi crescendo à medida que passei a entender essa importância, a valorizar a cadeia produtiva, desde os pequenos agricultores que estão trabalhando no campo até as grandes indústrias de alimentos. Estamos todos conectados. 

Mas como cheguei ao status de jornalista gastronômica? Estudei jornalismo na Universidade Federal de Juiz de Fora. Tive o prazer de estagiar na TV Globo local, na época TV Panorama (hoje TV Integração) e, aos poucos, desenvolvi o interesse pelas histórias por trás da cozinha. A primeira matéria que fiz sobre comida foi sobre alcachofras.

Em entrevista com o chef francês Claude Troisgros. Foto: Bruno Barreto

Os ventos me levaram para o Rio de Janeiro, onde passei pelas redações dos jornais O Dia e O Globo. Em 2012, quando a culinária se “gourmetizou”, e o interesse pelo tema cresceu, fui para a editoria de gastronomia do Globo, garimpar as aberturas de restaurantes, entrevistar chefs de cozinha, participar de eventos de comida, vinhos, azeites, cafés, e tantos outros. Paralelamente, o interesse pela gastronomia também cresceu na TV, as escolas de culinária se proliferaram pelo país e o brasileiro passou a olhar melhor para o alimento, saindo do cenário de fome para condições mais dignas (que hoje, infelizmente, voltam a nos preocupar). 

As viagens são a minha paixão pessoal e que, felizmente, vieram para o meu meio de trabalho. Como é bom conhecer novos sabores e poder compartilhar isso. Morei na Inglaterra, ainda na época de faculdade, e o entusiasmo de estar em um país completamente diferente me motivou a juntar cada centavo para viajar ainda mais. Já passei por 22 países, a lazer ou trabalho, sempre com olhar voltado para a comida. Daí veio a ideia para o blog Viagem Gourmet.

Na redação do Jornal O Globo, antes da abertura das Olimpíadas no Rio, em 2016. Foto O Globo

E como o mundo dá voltas, agora estou de volta ao meu ponto de origem, para mostrar um pouquinho do melhor da cozinha em Minas e no mundo. Neste canal, vamos compartilhar dicas práticas, receitas, entrevistas e viagens. Conto com vocês para juntos construirmos um canal de sabores e experiências. 

Nas minhas redes sociais, você confere um pouquinho mais sobre o meu trabalho:

Instagram: @renatamonti | @viagemgourmet

Bom apetite!